5 de janeiro de 2013

Tempo.



Como o tempo passou rápido. Quando era criança gritava de alegria quando minha mãe me deixava sozinha em casa, deseja esse momento durante dias. Me sentia livre pra fazer o que eu queria, totalmente a vontade pra pular na cama, ligar o som no último volume, sem ninguém pra me incomodar ou reclamar do meu comportamento. Fingia ser uma cantora famosa que todo mundo amava. Sério, por alguns pequenos instantes aquele menina estranha se encaixava em algum lugar, era boa em alguma coisa. Já dormi muitas noites sozinha em casa. Dormia bem tarde, via tv, comia besteira e conversava sozinha. Era bom ser criança e fingir que era adulta. Passava o batom vermelho da minha mãe e me olhava no espelho, toda borrada, me achando incrível. E eu era.

Sinto saudade desse tempo, mais saudade mesmo, de querer voltar no tempo e fazer tudo de novo... e de novo. Abraçar minhas amigas, correr na rua sem me importar com o estado do meu cabelo ou das minhas roupas. Imagina só eu voltando agora e escrevendo no meu diário, com cadiado e tudo mais, (mal sabia que meu irmão abria aquilo sem nenhum esforço e lia todas as besteiras que eu escrevia secretamente, todos os dias). Era bom ser eu. Apesar de todas as cicatrizes e mágoas daquela época, e me lembro de todas elas, era bom ser criança. E apesar de vestir as roupas da minha mãe e fingir ser adulta, nunca quis de verdade isso. Ficar velha? NÃAAO. A cada aniversário sentia que ia perdendo um pouco da minha infância e hoje sei que era exatamente isso.
Meu cabelo não podia ser penteado do mesmo jeito. Me sentia estranha. Minhas roupas preferidas não cabiam mais, não podia fazer um monte de coisas ... ' você já é uma mocinha' todo mundo sempre dizia mesma coisa. E era até bom ser mocinha, mais ser criança era mais legal.

Ser gente grande cansa, dá muito trabalho. É tudo complicado porque a gente quer. É tudo mais difícil porque a gente prefere bagunçar o simples, questionar as pessoas todo tempo, esperar delas o que nós nunca seremos; Julgar pela aparência, se recusar a reconhecer um erro. Criança não perde tempo com essas coisas. Computador, tv, jogos eletrônicos. A cada dia é mais evidente que nem mesmo a infância quando se é criança tem valor. Parece que o tempo de correr pela casa e jogar bola na rua passou.

Infelizmente, ser criança é algo incrível e ser adulto é querer voltar no tempo.

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